26.3.15

Brute force

alo

Tenho meu mid-term assessments na segunda-feira e até ontem eu tava meio desesperada porque não tinha muita coisa. Mas quase toda quarta-feira faço um lab de desenho aqui na escola que no início pra mim era um pesadelo mas a medida que fui tendo as aulas percebi uma evolução incrível. 

Funciona com a professora dando frases, expressões ou palavras pra trabalharmos a partir delas com nanquim em 15-20 minutos por desenho. Em geral eu uso uns papéis gigantes (mais de 1m) que eu pessoalmente ODEIO mas me obrigam aqui por causa da minha mania de trabalhar sempre em pequenos formatos. Nos primeiros dias eu quase chorei quando vi o tamanho do papel mas realmente agora eu vejo que é muito benéfico trabalhar em formatos grandes, quando eu volto pros pequenos parece tudo muito mais fácil e sob controle.

Na última aula a professora tava tirando as expressões de um ~dicionário de clichês~ e uma das expressões foi "força bruta". Acabei fazendo um desenho que gostei muito, o que é surpreendente pra mim porque eu geralmente odeio meus desenhos espontâneos.




Eu tava me sentindo bem frustrada e cansada dos meus outros projetos – acho que principalmente por todos serem no computador, o que por um lado me conforta porque eu tenho domínio, mas por outro me cansa e me desgasta não só por eu estar com a cara numa tela o dia inteiro, mas porque eu acabo me distraindo na internet e tudo leva muito mais tempo do que era pra levar. 

Trabalhar manualmente no que quer que seja força minha concentração de um jeito incrível e me relaxa muito também, é terapêutico pra mim. Então resolvi que precisava disso e decidi comprar uma tela (mesmo sem dinheiro nenhum, minha conta e meus impulsos artísticos são incompatíveis) e adaptar esse desenho pra pintura.

Usei tinta acrílica em tela de 70x50cm.




E esse foi o resultado que eu gostei muito hehe

É uma ovelha negra, não um cachorro


Como eu disse meus assessments são na segunda e eu vou ter que fazer um milagre de produção até lá. Mas to com várias idéias e acho que consigo por a maioria em prática. Acho.

Torçam por mim ヽ(#゚Д゚)ノ


10.3.15

GAF


Ontem eu e minha turma (minha enorme turma que sou eu e mais duas pessoas) expomos de novo. Eu tinha me prometido que ia me esforçar pra fazer alguma coisa mais irada nessa exposição mas obviamente eu esqueci totalmente da data pra qual ela tava marcada e fui descobrir menos de uma semana antes dela acontecer.

Por causa disso a gente só conseguiu reservar uma sala horrível completamente escondida que na verdade é pra reuniões e coisas do tipo, tinha uma mesa no meio com 300 cadeiras, uma parede era só janela e na outra tinha uma tv gigantesca. Estrutura perfeita pra uma exposição eu acho

Mas acabou que rolou, eu achei que não ia dar ninguém mas foi uma galera! Foi inclusive bem difícil pra mim que já fico nervosa se tem duas pessoas prestando atenção em mim ao mesmo tempo. Mas eu acho que to ficando melhor aos poucos, eu ainda sou muito insegura pra falar do meu trabalho – até porque eu não vejo muito sentido em ficar explicando as coisas, já acho meus trampos bem claros na mensagem mas mesmo assim gosto de deixar aberto à interpretações, explicar meio que estraga o role na minha opinião. Mas era isso ou ficar sem nota então eu prefiro abrir mão dos meus ideais rs.

Dessa vez chamamos a exposição de GAF, que um colega sugeriu num e-mail sem explicação do que significava e daí ficamos horas inventando possibilidades: good as fuck, gay as fuck, give a fuck, graphic artists f??? etc. Depois o menino foi dizer que significa Global Assessments of Function que é uma parada da psicologia pra avaliar o comportamento das pessoas????????????? Não tem absolutamente nada a ver com nada mas gostamos do jeito que soa e da abertura pra possibilidades e já tava em cima da hora então usamos isso mesmo.

Bom, fotosssss

Meu canto nessa sala ótima

Apresentei esses de novo


Acrílica sobre tela

Essa pintura foi um pesadelo pra mim. Como eu tava com o tempo curto organizei meus dias restantes certinhos pra poder fazer tudo o que eu queria, consegui comprar a tela e as tintas em tempo, tinha o dia todo pra pintar e tudo tinha dado aparentemente certo. Até que eu vi depois que tinha comprado amarelo transparente que literalmente se chama Amarelo Transparente. Fora isso o rosa e o azul também não tinham cobertura opaca, o que caga todo o meu estilo de pintura. Umas horas antes da exposição eu comprei outro amarelo e cobri, aí ficou como ta na foto.

Detalhe
Mas na real eu detestei a combinação de cores de qualquer forma, na foto parece um pouco melhor mas pessoalmente ta bem terrível, o contraste não ta bom. Daí há 15 minutos atrás resolvi contornar com o preto e caguei tudo de uma vez. Ou seja nada é tão ruim que não possa ficar pior.



Risografias

Essa é uma série de ilustrações que to produzindo e gostando bastante. A série se chama Everyday thoughts on everyday things e a idéia é que vire uma zine quando eu tiver mais ou menos umas 10. O conceito tá bem claro pelo nome, eu acho, é a maneira que eu e minha ansiedade enxergamos o mundo.

Eu gosto de falar abertamente sobre essas coisas porque pra mim é uma maneira de parecer que eu to no controle do que rola comigo. Desenhar esse tipo de coisa por exemplo expõe pra mim como as vezes esse tipo de pensamento pode ser ridículo e desnecessário. Só é meio foda ter que me expor na hora de falar das minhas produções pra 30 pessoas de uma vez como aconteceu ontem. Além de sentir um pouco de vergonha eu tenho medo que as pessoas me enxerguem como coitada, ou sei lá. De novo não me perguntaram muitas coisas sobre meus trabalhos, e quando perguntaram foi só sobre a técnica e o processo, nunca sobre o conceito. Eu acho que as pessoas tem um pouco de medo de me machucar ou ofender, preciso praticar uma maneira de falar disso sem parecer que é tão delicado assim.




Ainda devo mudar uma coisa ou outra nas ilustrações provavelmente.

Os trampos dos meus colegas:

Anatole de Benedictis

Detalhe

Joseph Huot

Detalhe

Por enquanto é isso, eu to com alguns projetos em andamento então posto aqui quando eu tiver alguma coisa nova.

Doei!

3.3.15

Outra exposição

it's a new dawnnnnnnn it's a new dayyyyy it's a new postttttttt!! (desculpa)

Oi. No último post eu disse que ia postar coisas novas porque teria meus assessments dali a poucos dias MAS foi meio que um desastre e eu chorei e quis morrer e não queria muito ficar falando sobre isso. As semanas seguintes foram meio catastróficas também na relação professores-meus trabalhos então não tava sendo uma boa fase pra postar aqui. 

Ter meio que caído de paraquedas num curso de artes e ainda mais numa faculdade que é a KABK as vezes parece ser uma pressão um pouco maior do que eu acho que consigo levar. Eu to aprendendo muito, mas isso significa também dar muita cabeçada, e sendo muito sincera eu não to muito acostumada com isso considerando que vim da UnB, onde os padrões são outros. Isso significa também que to aprendendo que nem toda crítica é necessariamente válida só porque vem de professor, mas não significa que eu não vá me sentir machucada quando eu escuto alguém que eu admiro dizer coisas do tipo "não gosto do seu trabalho" e que o que eu faço "não diz nada", principalmente quando meu trabalho é tão pessoal. Na minha cabeça quando alguém fala dessa forma de um trampo meu parece que na verdade tá falando de mim e ainda cuspindo na minha cara depois.

Mas agora passou, e to praticando não ter medo de defender meus trampos e minhas idéias quando eu não concordo com o que ouço, não tomar tudo o que me falam como verdade só porque vem de alguém com mais experiência que eu e ter confiança no que eu produzo e o que faz sentido pra mim. Ando entendendo que isso também é uma habilidade que um artista/designer/whatever tem que ter.

Bom, dramas pra lá, hoje eu tive que fazer uma exposiçãozinha de novo, mas dessa vez foi meio diferente. Pra nossa aula de teoria (que é mais uma aula de discussão) a prof pediu que a gente organizasse uma exposição – como curadores mesmo – sobre o tema que fosse de nosso interesse, e que produzíssemos alguns trabalhos pra ela e convidássemos algum colega pra participar.

Pra minha exposição resolvi falar sobre subjetividade feminina e depois dos tapas na cara que eu levei decidi que ia tentar fazer algo totalmente fora da minha zona de conforto: uma instalação (*grito de filme de horror*). Além disso fiz umas ilustrações também, e convidei uma colega que escreve uns poemas insanos pra escrever algum texto.

Não vou explicar aqui todo o conceito porque são 2h30 da manhã e já tive que fazer isso hoje pra 20 pessoas então to ligeiramente enjoada do assunto. Mas construí o altar com a idéia de que ele colocasse numa posição divina a mulher comum que foi submetida a toda essa merda de subjetividade imposta (falei mais bonito que isso na apresentação, juro) e por isso coloquei várias coisas estereotipicamente consideradas femininas que toda mina já se viu confrontada por em algum momento da vida. E pras ilustras a idéia é que o corpo "real" da ciência e historia e pa é sempre o do homem então quis expor o corpo feminino como igualmente real, orgânico, nojento, científico, etc, e não como um objeto decorativo como quase sempre é colocado.

O texto da minha colega que eu usei também é sobre a experiência dela com vários caras e a dificuldade dela em se encaixar nos papéis de gênero em relação a eles. Ele é bem sexual e cru e "chocante" e eu achei incrível porque era bem o que eu queria. Mas não vou postar aqui porque acho que nem pode.

Bom vocês sabem que eu sou ruim de fotos né nem preciso mais avisar




Essa foi a disposição da exposição. Essa salinha da faculdade se chama capela (provavelmente era de fato a capela de lá considerando que a escola tem quase 500 anos) e eu escolhi porque fazia sentido com o altar e blablabla.




Eu tive the time of my life comprando essas porcarias pra botar dentro

O altar. Construi ele de mdf e papel cartão, pintei com spray e posca. Na hora de desmontar eu queimei minha mão na vela.


Muito bem tirada a foto

Essas ilustrações foram feitas em risografia (que é o amor da minha vida aqui) e a idéia é que vire uma zine muito em breve, só preciso escrever um texto curto. O problema é que eu não sei escrever e um texto curto pra mim é um pesadelo e talvez "muito em breve" signifique "daqui a uma eternidade". Não sei.






Não fica centralizado de jeito nenhum, desisto

Por fim essa foi minha mesinha terrível com algumas das minhas referências teóricas (precisava ter) e o folderzinho, atrás tem o conceito da exposição e blablabla.

Esqueci de falar que o nome da exposição foi Naked Goddess: The Feminine Self

Hoje eu aprendi também que feedback de professor ou é loteria ou a minha cabeça e as deles funcionam sob parâmetros completamente diferentes porque eu tinha toda certeza que meu trabalho tava uma bosta e que eles iam me esculachar. Mas eles foram só elogios e ainda falaram pra turma toda que meu trabalho era um exemplo de como os outros deviam ter feito. Ou seja né

Mas por bem ou por mal fiquei feliz e motivada, fazer esse role me fez ter um pouco mais de foco em pesquisa e ter altas inspirações pra trampos futuros. Agora to produzindo várias coisas de uma vez só e todas as idéias têm me agradado, to bem animada.

Descobri hoje que aparentemente semana que vem minha turma tem que organizar outra exposição igual do post anterior (já que o professor não gostou daquela porque ele não gosta de nada nesse plano físico cósmico), vou tentar terminar umas coisas novas até lá – até porque caso contrário eu não vou ter nada – e posto aqui.

É isso, beijos